Le Canal de 2 Mers
Le Canal de 2 Mers é um percurso ciclável que vai do Oceano Atlântico ao Mediterrâneo. O Canal é Património Mundial da UNESCO.
A primeira parte do percurso é o Canal de Garonne, ladeado por uma ciclovia de alcatrão entre Bordéus e Toulouse – com cerca de 270 km. O percurso é plano, está bem sinalizado e é ideal para se fazer em família com crianças porque é um trajeto seguro e de fácil realização. Para além disso, há sempre a linha do comboio com paragens nas cidades que fazem parte do percurso (ou que distam poucos quilómetros do dito).
A jóia da coroa deste percurso é a “Pont-canal de France (600 m)“, uma ponte impressionante!
A segunda parte é o Canal Midi, ladeado por um percurso de terra batida entre Toulouse e Sete – já no Mediterrâneo.
Em todos os sites consultados é dado grande destaque ao Canal Midi, mas o Canal Garonne, talvez por ter a ciclovia alcatroada e muito arborizado, é muito mais confortável. O reflexo das árvores e dos barcos no canal também o torna mais atraente.
A joia da coroa desta segunda parte são as nove “Écluses de Fonséranes“, perto de Béziers, uma obra de engenharia que merece ser visitada
Como levar as bicicleta em transporte público internacional
Afinal é possível* sair com a bicicleta no comboio para fora do país! Nada “muito linear”, mas possível: basta reservar no caso de ser uma pessoa uma cabine para dormir, só, e fica com espaço que baste para a bicicleta. A bicicleta tem apenas de ir “acondicionada” – tirar a roda da frente e um saco ou algo a envolver a dita. O caso de duas pessoas ou três reserva-se uma cabine familiar e aí fica com uma cama a mais onde pode se podem levar as bicicletas.
Neste caso concreto éramos três, com três Brompton nos respetivos sacos e, dentro deles, os sacos de roupa mais alforges para, à chegada, encher. Neste caso pudemos andar em comboios de alta velocidade e, assim, em vez de voltar atrás para Bordéus no intercidades, voltámos por Barcelona – Madrid – Lisboa* (não aconselhável porque é bem mais caro). Em França há descontos automáticos para grupos – no nosso caso, por ser um grupo de 3, tivemos sempre 30% de desconto nos bilhetes. Nota final: não é necessário levar bicicletas eléctricas porque o percurso plano. As nossas 3 Brompton eram eléctricas o que nos levou a evitar percursos de terra batida porque a bicicleta é boa para território mais urbano e/ou estrada.
* JÁ NÃO EXISTE LIGAÇÃO FERROVIÁRIA NEM A MADRID NEM A HENDAIA. Acabaram com o Sud-Express e o com a ligação noturna a Madrid.
A Flexibus só oferece esta possibilidade de transporte de bicicletas fora da Península.
Viagem para Bordéus
Na viagem para Bordéus – os comboios têm uma carruagem destinada a bicicletas e ciclistas porque há muita gente a fazer o Le Canal des 2 Mers e a Velodysseia, percurso que atravessa a França de Norte a Sul à beira mar. Infelizmente as gares não estão pensadas para quem anda de bicicleta (ou de carrinho de bebé ou cadeira de rodas) e para ir de uma plataforma para outra só existem escadas – “um stress”… é rara a estação que tem elevador. Outra opção, de alternativa ao comboio, para levar as bicicletas é a rede de autocarros do FlixBus.
O percurso Le Canal de 2 Mers começa muito perto da estação de comboios de St Jean, em Bordéus, basta atravessar a ponte de St Jean e, à direita, encontramos a sinalização do caminho.
Plano das etapas e logística
As etapas foram planeadas tendo em conta:
- O site do Canal 2 Mers
- O Guia CANAL DU MIDI Y CANAL DEL GARONA: EL CANAL DE LOS DOS MARES EN BICICLETA (FRANCIA)
- Locais onde se arranjava dormida
- A nossa pedalada.
Nota: Relativamente ao plano inicial, as dormidas mantiveram-se, mas os percursos a partir de Castelnaudary foram re-inventados porque o caminho de terra à beira do Canal não era o ideal para as Brompton eléctricas.
O Guia é excelente porque, etapa a etapa, alerta para lugares de relevo existentes perto do percurso, foi assim que descobrimos Auvillar que, segundo o Guia, é considerada uma das aldeias mais bonitas da França e levou a um desvio de 5+5km do Canal. Nestes desvios a assistência eléctrica é uma benção porque Auvillar era bem no alto de um monte e na tarde em que lá fomos estava um tempo quente e abafado.
Pessoalmente, nunca costumo reservar todas as dormidas mas como era agosto e viajava em grupo pareceu ser o mais adequado. Desvantagem, para quem como eu gosta de “vamos e logo vemos”, temos mesmo de seguir o plano pre-estabelecido, não dá para improvisos e nem para inventar, mas, mesmo assim, quando chegámos ao Canal Midi os percursos passaram a redefinir-se na hora, função das condições do caminho.
Comparando com os percursos do Danúbio e do Reno, que realizei na Alemanha, existe uma diferença abismal relativamente ao respeito por quem anda de bicicleta. No interior das vilas e nas estradas por onde andámos, os franceses são francamente mal educados e impacientes com quem se desloca de bicicleta. Na Alemanha a sinalética dos percursos levam-nos para dentro das vilas, onde passa a haver espaço partilhado por todos os veículos, existe um respeito enorme por quem anda de bicicleta e, em suma, há uma cultura do uso da bicicleta como meio de transporte!
Voltando ao percurso realizado, cada vila tem a sua catedral, todas elas de beleza ímpar! Surpreendentes são também os monumentos, existentes em praticamente todas as localidades, em memória aos jovens mortos em cada uma das guerras em que a França participou. Realizar a viagem em agosto significa fazer parte do grande número de visitantes que nesta época escolhe vilas como Toulouse, Carcassone e Béziers para mostrar à família… No percurso propriamente dito não se sente tanto esta “pressão turística”.
1. O percurso:
Piste Roger Lapédie
Canal de Garonne
Canal du Midi
2. As vilas e cidades
Agen
Moissac
Toulouse
Carcassone
Béziers
Inéditos do percurso
Próxima viagem a realizar de comboio e bicicleta: Velodysseia