31 de março de 2017 BlogIntermodalidade

A campanha que estamos a iniciar neste projeto conta com todos os que gostam de andar de bicicleta e dirige-se a dois grupos específicos:

  • A quem gostaria de usar a bicicleta, mas tem percursos de subidas desesperantes;
  • A quem gostaria de deixar de se deslocar de automóvel mas julga que não tem alternativa para o fazer.

Grosso modo os ciclistas urbanos dividem-se por 4 categorias:

1. Aqueles que andam de bicicleta sob quaisquer condições de trânsito.

2. Os que se sentem confortáveis com condições mínimas para andar de bicicleta.

3. Os que se sentem desconfortáveis com a velocidade e o tráfego automóvel.

4. Os que só andam em ciclovias pontualmente e no tempo de lazer porque têm medo do tráfego automóvel.

Partindo dos dados existentes, suponho que a grande maioria das pessoas está na categoria dos que têm medo. Assim como a maior parte daqueles que já se sentem confortáveis com condições mínimas já viveu a situação de desconforto e, com o tempo e a experiência, acabou por habituar-se e passou para a categoria seguinte.

Nesta tipologia a categoria para a qual devemos trabalhar é a última. Ter medo do tráfego automóvel é uma realidade porque a transporte motorizado representa mais de 70% das deslocações da população.

Todo este tráfego acarreta custos a vários níveis, sendo um deles a saúde e qualidade de vida das populações. A falta de atividade física inerente a este meio de deslocação tem custos para a saúde.

O automóvel eléctrico não resolve o problema porque mantém a intensidade de tráfego da qual as pessoas têm medo e, também, mantém a inatividade física nas deslocações.

A bicicleta eléctrica, pelo contrário, ajuda a resolver o problema porque eleva os níveis de actividade física gradualmente através do controle do nível de assistência:

  • porque tem sempre que pedalar – pois só assim é que o motor funciona;
  • porque possibilita a adaptação do esforço à condição física do momento;
  • porque permite carregar pesos;
  • porque não se chega transpirado ao local de trabalho;
  • porque resolve o problema de quem tem percursos com subidas;
  • porque é possível levar no comboio, no autocarro e no barco;
  • porque é muito mais barata que um automóvel eléctrico.

Passar do automóvel para a bicicleta, mesmo que eléctrica, é um objectivo que exige, a montante, decisão política e, a jusante, intervenção consentânea a 4 níveis:

1. dar condições de segurança;

2. implementar um sistema de bicicletas partilhadas;

3. promover a intermodalidade (bicicleta + comboio + barco + autocarros);

4. campanhas de publicidade e sensibilização.

A bicicleta eléctrica, apesar do registo ambíguo – pertencer à categoria modos suaves tendo motor – é, por enquanto e para quem ande bem de bicicleta, uma boa alternativa à mobilidade urbana. Do ponto de vista tecnológico, coloca para já um grande desafio à engenharia: desenvolver a possibilidade da bateria se auto-carregar, nomeadamente nos momentos em que se pedala sem assistência (em plano e nas descidas).