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USOS DA BICICLETA EM VÁRIAS LOCALIDADES DO PAÍS

PROJETO DE SOCIOLOGIA DO DESPORTO PARA OS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E E DE GESTÃO DO DESPORTO DA FMH 2016-17

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ETNOGRAFIA

Projeto de etnografia multi-situada: análise das culturas do uso da bicicleta em diversos contextos

Objetivo:
Este projeto de etnografia multi-situada visa investigar as diversas culturas ligadas com o uso da bicicleta, no desporto, no lazer e na mobilidade quotidiana. Ao adotar uma abordagem multi-situada, o projeto procura entender as dimensões multifacetadas das culturas da bicicleta, o seu significado social, cultural e económico em diferentes contextos.

Metodologia:

Seleção do local: cada grupo identifica e seleciona um local (de preferência onde um dos elementos tenha casa). Cada local tem um contexto distinto e singular no que às culturas da bicicleta diz respeito. Esses locais podem incluir áreas urbanas, bairros suburbanos, comunidades rurais, clubes de ciclismo, cidades amigas da bicicleta ou regiões com uma longa tradição de ciclismo. Para cada local há que ter em conta a variedade de fatores socioculturais, geográficos e históricos que caracterizam as culturas da bicicleta.

Observação do participante: os estudantes realizam observação participante imersiva em cada local selecionado. Dado os limites temporais do semestre, o tempo de análise e vivência do terreno de estudo será breve, mas espera-se que intenso. A ida ao local é realizada após as primeiras sessões teórico-metodológica, depois de, a partir da bibliografia de apoio, elabora um guião de análise que deve ser no terreno de estudo testado e possivelmente alterado. Interessa observar e documentar a experiência vivida, rituais e interações sociais relacionadas com os usos da bicicleta, tanto em eventos desportivos organizados como em situações da vida quotidiana. Sobre a vida quotidiana procurem analisar a família de acolhimento. Não esquecer de apresentar o documento de Consentimento Informado.

Entrevistas: a realização de entrevistas com indivíduos que estão ativamente envolvidos na cultura da bicicleta em cada local, está sujeita ao consentimento informado dos envolvidos. Isso pode incluir ciclistas profissionais, ciclistas amadores, entusiastas de bicicletas, proprietários de lojas de bicicletas, políticos locais e membros de comunidades de ciclistas.

Artefatos e símbolos culturais: fazer o levantamento (fotografia ou vídeo, por exemplo) os artefatos e símbolos culturais associados às culturas da bicicleta em cada local. Por exemplo Loulé tem numa das rotundas o monumento ao ciclista. Podem ainda inventariar a memorabilia de eventos, arte relacionada ao ciclismo, música e literatura. Investigar como é que esses elementos culturais contribuem para a formação e representação das culturas da bicicleta.

Análise de infraestrutura: examinar os aspectos de infraestrutura que suportam as culturas de bicicletas em cada local. Avaliar o design e a funcionalidade da infraestrutura cicloviária, como ciclovias, estacionamentos e centros de manutenção. Avaliem como esses elementos de infraestrutura influenciam as experiências e práticas dos ciclistas em diferentes contextos (por exemplo se a entrada e saída da ciclovia tem ou não degrau – para uma bicicleta de estrada constitui um obstáculo).

Análise Comparativa: a análise comparativa das descobertas de diferentes locais vai sendo realizada através das atualizações realizadas nos vossos sites. Identifiquem semelhanças, diferenças e padrões que surgem em relação às culturas da bicicleta, quer se trate de desporto, lazer ou aspectos de mobilidade. Para o relatório é importante analisar como os fatores socioculturais, económicos e geográficos influenciam o desenvolvimento e a dinâmica das culturas da bicicleta em diversos contextos.

(Não têm tempo para este item) Relações de poder e defesa: investigar a dinâmica de poder e os esforços de defesa em torno das culturas da bicicleta em cada local. Examinar as relações de cooperação e de tensão entre ciclistas, políticos ligados aos pelouros do desporto e da mobilidade e outras partes interessadas. Analisar como é que os movimentos sociais, ativismo e grupos de defesa influenciam a visibilidade, o reconhecimento e o desenvolvimento da cultura da bicicleta. SÓ SE EXISTIR MASSA CRÍTICA NO LOCAL É QUE SE ACONSELHA PARTICIPAR

(Assunto abordado na Teórica-Prática) Análise reflexiva: análise reflexiva ao longo do processo de pesquisa, reconhecendo a subjectividade da posição dos próprios investigadores. Refletir sobre como a presença do investigador e as interações com os participantes influenciam a coleta e interpretação dos dados. Considerar as implicações do processo de investigação nas comunidades estudadas e nas suas culturas de bicicleta.

O projeto pretende contribuir para uma compreensão mais profunda do significado que têm as culturas da bicicleta nas identidades (local, familiar, pessoal), nas conexões sociais e no contributo económico que o cicloturismo pode ter para pequenas povoações. Com o envolvimento dos estudantes na investigação pretende-se mostrar o valor e contributo da análise sociológica das atividades de lazer, prática desportiva e mobilidade, tendo como ponto de partida à análise das culturas da bicicleta. Uma vez que podem vir a ser decisores públicos nestas matérias é importante saberem como investigar, como selecionar indicadores de análise.

(Em itálico items importante a realizar na etnografia, mas que serão apenas abordados nas sessões teórico-práticas).

Definição de Etnografia

Etnografia (do latim, ethno para povo, graphy para escrita) no sentido lato é um método de descrição da cultura de modo qualitativo. A etnografia no campo do desporto refere-se ao estudo sistemático de culturas, práticas e comunidades desportivas usando métodos de investigação qualitativa. O método, quando bem aplicado, requer a imersão no contexto estudado, observando e participando de atividades relacionadas, neste caso, com o desporto, realizando histórias de vida, entrevistas, com atletas, treinadores, espectadores, decisores e gestores. A pesquisa etnográfica no desporto visa compreender os aspectos sociais, culturais e simbólicos dos fenómenos desportivos, incluindo os significados, valores e práticas associadas a determinadas modalidades desportivas bem como o seu impacto sobre indivíduos e comunidades de pertença. Este método contribui para uma compreensão mais profunda das dimensões sociais e culturais do desporto.

Texto realizado a partir da leitura e síntese de: Sands, R. R. (2002). Sport ethnography. Human Kinetics.

[Este texto começou por ser publicado no SGA – FMH-UL e passa agora também a fazer parte do espólio deste site]

Objetivo Pedagógico

O objetivo pedagógico de envolver os alunos em um projeto de etnografia multi-situada sobre as culturas da bicicleta no desporto, lazer e mobilidade quotidiana é proporcionar-lhes uma compreensão abrangente dos diversos aspectos sociais, culturais e económicos relacionados ao uso de bicicletas. O projeto visa alcançar os seguintes resultados pedagógicos para os alunos:

Consciência e sensibilidade cultural: ao comparar o seu contexto de análise com os dos colegas supõe-se que os alunos desenvolvem consciência e sensibilidade cultural. Podem no contato com o terreno apreciar diferentes valores, crenças e práticas únicas associadas ao uso da bicicleta.

Habilidades e metodologias de investigação: ganho de alguma experiência prática sobre o significado etnográfico da investigação. Saber distinguir métodos de qualitativos de quantitativos, saber o que significa observação participante, entrevistas e análise de conteúdo.

Perspectiva interdisciplinar: o projeto incentiva os alunos a adotar uma abordagem interdisciplinar, explorando a interseção da sociologia, antropologia com estudos urbanos, para entender as culturas da bicicleta de diferentes ângulos.

Pensamento crítico e análise: promover habilidades de análise crítica na interpretação dos dados coletados, identificando padrões e tirando conclusões sobre o significado social, cultural e económico das culturas da bicicleta.

Aprendizagem colaborativa e trabalho em equipa: cada grupo faz o seu site, no entanto são todos publicados numa plataforma comum de partilha, favorecendo a colaboração entre os vários grupos das diferentes turmas.

Envolvimento da comunidade: o projeto proporciona oportunidades dos alunos se envolverem com as comunidades locais e organizações relacionadas com a cultura da bicicleta.

Reflexão crítica e considerações éticas: é dado a conhecer o projeto de modo a obter o consentimento informado e garantir a privacidade dos participantes no estudo.

[Este texto começou por ser publicado no SGA – FMH-UL e passa agora também a fazer parte do espólio deste site]