Etapa 3 – Sines a Odemira

FALTAM CICLOVIAS S.U.F.

PERCURSO VARIADO DE SERRA E MAR

De Sines a Odemira não temos ciclovias S.U.F. (Seguras, Úteis e Fáceis de seguir) mas, em compensação, temos uma paisagem deslumbrante e variada para admirar, ora à beira mar, até Porto Côvo, ora serra adentro até Odemira. A diversidade de paisagem é pautada por coloridos diferentes dados pelas flores que ladeiam as bermas e enfeitam as planícies com “monda já empacotada” em rolos brancos gigantes com os quais apetece, pelo menos na imaginação, brincar. Com Porto Côvo à vista, vem à memória o refrão da canção do Rui Veloso:

Havia um pessegueiro na ilha / Plantado por um Vizir de Odemira / Que dizem que por amor se matou novo / Aqui, no lugar de Porto Côvo

Sines
Sines
Sines

Quantos não sonham com o percurso à beira do Danúbio? É, de facto, um percurso que dispõe de ciclovia S.U.F. – Segura, Útil porque tem sinalização que indica a direção e a distância às vilas, logo muito Fácil de encontrar mesmo dentro das vilas onde a ciclovia deixa de existir. Mas, e não há bela sem senão, a maior parte da viagem na parte alemã segue à beira de campos de milho com quilómetros e quilómetros de distância, uma monotonia que nos faz muitas vezes avançar de uma etapa para a outra de comboio. A intermodalidade também é sempre garantida com os comboios a cobrar 5 euros ao transporte da bicicleta.

Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira

Mais, a côr do rio Danúbio raramente corresponde à que aparece nos panfletos e o azul ansiado tem a cor castanha, o caudal é largo, corre rápido demais e, no verão, quase transborda a margem. À conversa com os locais descobrimos que as curvas do rio, que desaceleravam o curso das águas, foram retificadas para servir a agricultura extensiva, maior parte milho e tabaco. Resultado, nomeadamente em Passau onde se dá o encontro do Danúbio com o Inn, todos os anos há cheias monumentais durante a primavera, na altura do degelo. Na entrada da igreja e nos hotéis que servem o cicloturismo estão marcados os anos e respectivas alturas atingidas por cada cheia. Em suma, agora o plano é refazer artificialmente as curvas do rio para desacelerar e absorver parte do caudal. Enfim, têm ciclovias S.U.F. mas, por suposto, também têm problemas ligados com o excesso de racionalidade no que à produção agrícola diz respeito.

Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira

Quando nos aproximamos do lugar, deixamos de ver seja o que for graças aos “muros” de auto-caravanas junto arriba e nos parques dos bairros tapando por completo o casario. Nota-se, não só em Porto Côvo mas por todo a costa visitada, a falta de regulamentação do estacionamento das auto-caravanas, ou tão só a falta de vigilância do seu cumprimento. Mormente são caravanistas que vêm de países onde este tipo de estacionamento massivo em áreas nobres não é de todo plausível e nem consentido.

Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira

Entrando na serra, a caminho de Odemira deixámos de nos cruzar com cicloturistas e passámos a acenar aos muitos ciclistas atletas que, obviamente para treino, escolhem percursos de serra com maior dificuldade de realização. Viajar de ebike possibilita a visita a terras do interior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina que, apesar de perto do litoral, ficam fora da rota habitual do cicloturismo, como é o caso de S. Luís, onde almoçámos.

Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira
Etapa 3 – Sines a Odemira

Ao nível da restauração e ao longo da costa, desde Lisboa até aqui e para quem tem viajado ao longo destes anos para estes lados, nota-se grande melhoria a vários níveis: apresentação do restaurante, menus que oferecem tradição de culinária e inovação ao nível da apresentação e, ainda, atendimento profissional. O restaurante Varanda da Aldeia em S. Luís é um exemplo que ilustra esta mudança, apesar de não termos acedido à varanda (há que reservar atempadamente).

S. Luís
S. Luís
S. Luís

A seguir a um almoço opíparo, sem ritual de sesta cumprido, torna-se sempre mais difícil pedalar e, não ajudando nem motivando, a saída de S. Luís em direção a Odemira é sempre a subir. A estrada que se percorre é cercada por eucaliptos frondosos que deixam ver campos de cultivo de geografia ondulada que vão mudando de cor à medida que a tarde avança. As subidas são duras mas as descidas compensam em emoção vivida contra o vento fresco que nos refreia o ímpeto veloz. Valeu a diversão de nos dobrarmos sobre a bicicleta para vencer a resistência ao vento, parecendo ciclistas em competição, na grande descida da serra para Odemira, onde a etapa terminou.

S. Luís
S. Luís
S. Luís

Num grupo heterogéneo como este, os mais velhos vão de ebike e os mais novos vão de bicicleta padrão. Na foto quem passa dos 50 ajuda quem ainda não chegou aos 30 anos numa daquelas subidas que nunca mais acaba.

Chegada a Odemira
Odemira – Lisboa: carrinha da EUROPCAR (empresa patrocinadora do projeto)

SERVIÇOS DE APOIO EXISTENTES

‣ Alojamentos e Restaurantes onde nos guardam a bicicleta – SIM

‣ Interligação com os transportes públicos (comboio e autocarro) – NÃO

‣ Locais de informações específicas sobre rotas – NÃO

‣ Aluguer de bicicletas – EUROPCAR

‣ Oficinas de bicicletas – SIM

KOMOOT

Mapa e perfil da etapa recolhidos através da Aplicação que utilizámos para planear todas as etapas.