As fotografias aqui expostas pertencem aos espólios das famílias dos estudantes da FMH (dos cursos de licenciatura 2015 e 2016). Esta primeira galeria é sobre os avós dos estudantes com histórias contadas no outono de 2016 e 2017. Difícil, para todos, foi conseguir datar fotografias e histórias associadas. Agradecemos a todas as famílias a partilha dos seus espólios.

Logo que publicámos, houve pessoas a querer colaborar com fotografias da sua própria família, o que considerámos uma ideia excelente e nos levou a abrir este projeto a todos os interessados em colaborar.

Faça parte deste projeto: envie fotografias e histórias da sua família para asantos@fmh.ulisboa.pt
História(s) – factos datados, se possível

Esta recolha resulta de uma investigação que estamos a levar a cabo no Dar a Volta sobre o QUE NOS LIGA E NOS DESLIGA da bicicleta.
Foto – local onde tirada e data, se possível.

 

Torres Vedras, anos 50

Torres Vedras, corrida do Sarge, entre 1950-55

A foto foi tirada no final de uma corrida organizada pela comissão de festas do Sarge, aldeia localizada a 3km de Torres Vedras. Os meus avós paternos moravam em Torres Vedras, mas tinham uma casa nesta aldeia. O meu avô José, participou nesta corrida, na qual terminou em 4º lugar. Na foto, o meu avô é o sexto a contar da esquerda. O meu avô também usava a bicicleta como meio de transporte para o trabalho. A minha avó Leonilde não era muito fã de andar de bicicleta mas acompanhava o meu avô nas corridas, como se comprova nesta foto (terceira a contar da esquerda).

Anos 50

Anos 50

Não tenho uma história, a bicicleta era para o trabalho, a minha mãe comprou-ma em 1953 e a partir daí levei-a comigo, ou ela levou-me, para o trabalho todos os dias até comprar uma com motor em 1974, mas ao Domingo, às vezes, fazia-se um passeio.

Peniche

Peniche, anos 50

A bicicleta era o meio de transporte que o meu avô paterno utilizava para se deslocar para o trabalho, para a escola ou simplesmente visitar os seus amigos. Ele começou a trabalhar novo no café do seu pai, de manhã trabalhava e à tarde ia para a escola, de bicicleta. Aos 17 anos utilizava a bicicleta para transportar leite que vendia pelas ruas de Peniche. Mais tarde comprou um carro, para se deslocar mais rápido, mas continuava a deslocar-se frequentemente com a sua bicicleta para o trabalho.

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Passeio de domingo, anos 50

Fotografia do meu avô Jerónimo (primeiro da esquerda) com os amigos num passeio que fizeram. Era algo que o meu avô fazia muito. Todos os domingos, praticamente, o meu avô fazia passeios com amigos ou com organizacões e associações, quando estas criavam eventos deste género.

Anos 50

Afilhado de João Francisco (ciclista profissional), 1954

Em pequena nunca andei de bicicleta. Quando casei o meu marido tentou ensinar-me, mas eu não consegui aprender porque tinha medo de cair. O meu marido andava muito de bicicleta, desde muito novo e fez viagens por todo o país com os amigos. Aprendeu a gostar de andar de bicicleta com o seu padrinho, que chegou a correr na Volta a Portugal [João Francisco]. O teu avô queria ver a chegada do Porto-Lisboa, foi quando morávamos em Alhandra, já tínhamos o carro, íamos para o campo do Sporting ver a chegada do Porto-Lisboa, que o teu avô gostava muito do Joaquim Agostinho e a gente ia lá ver; a tua mãe também foi, ia a família toda.

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Minde, Anos 50

O meu avô materno, José Marques, às cinco da manhã já estava de pé e pronto para se deslocar de bicicleta até Santarém, onde era militar. A distância desde da ida até ao quartel ao regresso a casa totalizava os 60 quilómetros. Mais tarde, quando andava a trabalhar, fazia cerca de 10 quilómetros até Vila Moreira e depois mais 15 quilómetros até Minde, onde jogava futebol, relembra com saudade que, apesar dos quilómetros feitos, ainda tinha força para jogar futebol e nada lhe doía. Com a bicicleta como seu principal meio de transporte, recorda fazer grandes deslocações por todo o distrito e até mesmo à Batalha, para lá ir às festas. Não se recorda de grandes quedas, mas relembra dois amigos que já com os “copos” desciam uma enorme descida sem nunca usarem os travões! Atingindo velocidades estonteantes! Para finalizar, lembra-nos que na sua mocidade era necessário ter licença para se andar de bicicleta, e também ter matrícula na mesma. A guarda (GNR) andava sempre atenta e recorda uma vez que chegou a ser multado, pois com a chuva e lama, apesar de com um cordel puxar o dínamo da bicicleta para cima, o mesmo continuava sem dar luz.

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António Marques, Anos 50

O meu avô paterno, António Marques, aprendeu a andar de bicicleta em criança, na bicicleta da sua tia Vitória, mais tarde quando foi trabalhar, esta mesma tia comprou-lhe uma bicicleta para se deslocar para o trabalho, foi nessa mesma bicicleta que fez “infinitos” quilómetros para se deslocar a bailes, festas e principalmente para o trabalho. Na ida aos bailes era preciso ter cuidado com o local onde se guardava a bicicleta, para não ser roubada, em geral deixava-a em casa de pessoas amigas. Mais tarde nesta bicicleta adaptou uma “cadeirinha” para transportar os filhos e mais tarde os netos em passeios pela localidade onde vive, bicicleta esta que ainda existe e está a ser recuperada pelos seus netos. Também recorda as habilidades que tentava fazer em “cima” da bicicleta, como andar sem mãos, mas que quase sempre acabaram em quedas.

Vila Franca, anos 50

Vila Franca, anos 50

O meu avô chegou a utilizar a bicicleta como desporto. Competiu no União Desportiva Vilafraquense entre os 19 e os 21anos. As exigências do trabalho (duração e dureza) e a obrigatoriedade de contribuir para o sustento da família, impediram a continuidade da prática desportiva de ciclismo.

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Anos 60

O meu avô nasceu numa aldeia do Distrito de Coimbra, num seio de uma família muito pobre. Já era jovem adulto e trabalhador quando teve o seu primeiro contato com a bicicleta, que utilizava para se deslocar de casa para o trabalho. Foi ele que ensinou a minha Mãe andar de bicicleta.

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Anos 50

Nasceu em Olalhas, concelho de Tomar e viveu em Abrantes. Começou a andar de bicicleta com 7 anos e aprendeu com os irmãos mais velhos. Nunca participou em nenhum evento, apenas utilizava este meio de transporte para se deslocar aos diversos locais da aldeia antes de começar a utilizar assiduamente a mota como meio de deslocação.

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Anos 50

Aprendeu a andar com 7 anos na bicicleta do pai. Teve a sua primeira bicicleta aos 10 anos, que era a bicicleta do pai, porque o pai comprou uma motorizada. Usava esta bicicleta como meio de mobilidade para ir para a escola, na Marinha Grande, e também como lazer, para passear com os colegas. Passou a usar a bicicleta para ir para o trabalho após ter completo o 3ºano na escola industrial, tendo passado a estudar à noite e trabalhar de dia, isto aos 13 anos. Quando ia para a Marinha Grande, todos os indivíduos das redondezas juntavam-se para ir para a escola, formando um grupo de centenas e uma fila de quilómetros ao longo da estrada nacional. Nos últimos 3 anos de estudo na Marinha Grande, isto já à noite, quando vinha para casa, alguns desapertavam as tampas das campainhas das bicicletas dos outros e atiravam-nas para fora da estrada, o que obrigava a procura-las nas terras no dia seguinte. A bicicleta era usada como meio de transporte porque era o único meio de transporte disponível na altura. Também usava a bicicleta para fazer outros géneros de passeios, tais como ir namorar. Atualmente ainda se serve da bicicleta para fazer alguns passeios e para manter a forma.

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Marrazes, Anos 50

De acordo com relatos do meu avô paterno, na sua juventude, em que os meios de transporte e os recursos eram escassos, ele deslocava-se de bicicleta, de Marrazes (Leiria) para Salir do Porto, todos os fins de semana, para ir namorar com a minha avó . Eram viagens demoradas, os caminhos não eram tão acessíveis como hoje mas, diz ele, o exercício fazia-lhe bem ao corpo e refrescava-lhe a alma. Mais tarde veio viver definitivamente para Salir do Porto e deslocava-se diariamente de bicicleta para o seu trabalho nas Caldas da Rainha. Esses tempos passaram, a bicicleta deu lugar aos carros e como tinha sempre muito trabalho, no ramo do comércio, o tempo disponível para a bicicleta acabou, mas recorda sempre com nostalgia esses tempos da bicicleta.

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Salir do Porto, Anos 50

Ela não tinha bicicleta, mas chegou a dar umas voltinhas na bicicleta do meu avô. Não era fácil devido ao quadro masculino, mas como ela era muito aventureira não desistiu enquanto não aprendeu. Estava sempre desejosa que chegassem os fins de semana para poder estar com o namorado e claro, dar uma voltinha de bicicleta.

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Anos 50

Avô materno – utilizava a bicicleta para trabalhar. Com os seus 18 anos, fazia o correio desde castelo de Paiva a Pedorido. Mais tarde utilizava a bicicleta para se transportar para o local de trabalho. Quando fez a tropa, fazia de Raiva ao Porto (50km) e mais tarde de Espinho a Raiva de bicicleta (40km).

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Maceira, 1942

Era o mais velho de 7 irmãos. Com a morte precoce do pai ficou para o ele o encargo de cuidar de toda a família. Assim já com 12 anos fazia o percurso de Vimeiro até à Lourinhã para a oficina onde trabalhava, perto de 10 km. A única bicicleta que tinha era bastante maior do que o suposto para uma criança da idade dele, assim a única maneira de conseguir chegar aos pedais era atravessando uma das pernas por dentro do quadro da bicicleta. A bicicleta teve também uma história trágica com o meu avô, quando um dia, ao chegar à oficina, desequilibrou-se e a bicicleta caiu em cima dele partindo-lhe a perna.

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